Trabalhar na gringa não é facil e não é pra qualquer um.
Meu primeiro contato com a gringa foi quando eu ganhei uma bolsa de estudos do banco Santander para estudar na Espanha.
Foi muito louco.
Eu vim pra cá sem ter onde morar, sem saber falar espanhol e com o dinheiro da bolsa + ajuda da família.
Por um milagre, consegui encontrar uma casa em apenas 2 dias em Madri (isso é completamente insano quando eu olho pra trás, muita sorte).
Minha aventura começava.
Foram os melhores 6 meses da minha vida. Fiz amigos, aprendi espanhol, dancei salsa e conheci um grande amor com o qual me casei anos depois.
Quando voltei pro Brasil depois da experiência eu estava decidido que iria morar na Europa. Comecei a procurar por mestrados na área e de fato consegui ser aprovado em um na França.
Depois de 2 anos de estudo e sacrifícios, eu estava empregado e vivendo na Europa.
Mas a que custo?
No meu primeiro emprego eu morava em Paris e compartilhava a casa com mais 3 pessoas. Era simplesmente impossível achar moradia sendo estrangeiro (e sem muito dinheiro).
60% do meu salário ia embora. Se eu botasse na ponta do papel, eu poderia ganhar mais no Brasil.
E eu estava tão cansado do trajeto trabalho - casa que nem conseguia aproveitar Paris. Além disso, eu não tinha amigos.
Por essa razão, hoje em dia eu tenho ranço de Paris.
Pelas mazelas do destino, 1 ano depois eu estava morando na Alemanha. Em Dusseldorf.
Sempre foi um sonho morar na Alemanha, vindo do Brasil a gente tem uma visão idealizada de como eles são. Mas foi complicado.
Primeiro, eu não sabia falar alemão.
Segundo, COVID chegou com os pés na porta.
Foram 3 anos morando lá onde meu único foco era trabalho.
Para mim, estava tudo bem, eu vim para Europa para isso (pelo menos era o que eu achava na época). Acabei me distanciando ainda mais do lado social devido ao lockdown.
E uma hora a conta iria chegar.
Eu e minha esposa não conseguimos nos adaptar ao país e decidimos voltar para França.
Na França, o isolamento continuou. Mas foi escolha minha, na minha cabeça estava tudo bem, estava trabalhando e sendo um “case de sucesso” de um BR na gringa.
Só que a conta chegou, sendo bem sincero, hoje não estou no melhor momento da minha vida.
Tenho dinheiro. Tenho opções.
Mas eu sinto falta do senso de comunidade do Brasil.
Sinto saudade dos meus amigos e família.
Depois de 10 anos fora eu pensei ter me acostumado. A verdade é que nunca me acostumei.
Eu não estava vivendo, mas sim sobrevivendo. Focando no $$$.
Quando vamos para fora, botamos muita pressão em nós mesmos para ter “sucesso”, afinal de contas voltar ao país é visto como um “fracasso”.
Me sinto assim. É inevitável.
(como vocês podem ver todo mundo tem problemas).
Só que a vida é bem mais que isso!
Se você está pensando em vir pra gringa pensando apenas no dinheiro e carreira, isso vai te sustentar por alguns anos. Mas uma hora a conta vai chegar.
Prepare-se mentalmente e pense no que realmente é importante pra ti.
Para mim, percebi que o que importa é o sentimento de pertencimento, de fazer parte de algo. Sentimento esse que ignorei durante todo esse tempo.
Agora eu entendo a frase:
“Dinheiro não compra felicidade”.
PS: Esse texto foi escrito sem edições, foi só o que apareceu na minha cabeça.
Texto sensacional!
Um verdadeiro tapa na cara de quem só glamoriza viver na gringa, e é a personificação do meme "quem vê story não vê corre"
É Heitor....a dureza do exterior cobra caro, mas daqui estamos contigo.