Data Driven é o Kaizen com outro nome
Foram mais de 10 anos para chegar a essa conclusão simples.
O que eu vou escrever hoje aqui pode parecer simples.
E pra ser sincero, é simples mesmo.
No entanto, esta simplicidade foi construída durante os anos. Os conceitos começaram a se encaixaram de tal maneira que eu vejo agora o quão óbvio isso era.
Os idiotas preferem a complexidade, os espertos preferem a simplicidade.
Data Driven não tem nada a ver com ferramentas.
Data Driven não tem nada a ver com utilizar o stack mais moderno.
Data Driven não é pra ser complexo!
Estudando sobre Lean na área de serviços, eu percebi que o que os japoneses estavam fazendo a muitos anos atrás na manufatura pode ser aplicado na área de dados.
O Kaizen (ou melhoria contínua) quando aplicado na área de dados transforma a empresa em uma organização “Data Driven”.
É óbvio, como eu não vi isso antes?
Este artigo será o primeiro de uma série que irei escrever sobre o assunto.
Além disso, irei mais a fundo com os Data Creators.
Acompanhe para não perder, irá ficar com paywall depois.
Já pensou se existisse a Pastelaria de Dados na manufatura?
Imagine essa cena:
A linha de produção rodando e um cabra vem com o infame pedido:
“Ei mestre, tens como tu verificar o nível de produção do dia X? Gostaria de checar o que aconteceu”.
Seria impensável pensar que a linha de produção iria parar para que essa investigação acontecesse.
Parar a criação de valor é um processo caro, e no caso da manufatura, é possível tangibilizar esta ociosidade.
Na nossa área de dados, não é bem assim. Todo mundo atrapalha o time de dados e em muitos empresas o ROI da equipe nunca é medido (culpa dos gestores).
Mas por que isso acontece?
A área de manufatura, apesar de ser “menos tecnológica”, entende um conceito que nós de dados levamos ao pé da letra só pensamos na fórmula.
Variância.
Eu não estou falando da fórmula matemática (apesar de ajudar, é claro).
A manufatura entende que haverá variações e que se estas estiverem dentro do esperado, é um sinal de que as coisas estão indo conforme o planejado.
Sabe de onde isso vem?
Controle da Qualidade e dos Processos.
A carta controle ajuda a operação a fazer a diferença entre sinal e ruído.
Preste bem atenção nisso, pois isso faz toda a diferença.
Quando existe um comportamento anormal, o time de operações/manutenção verifica o que está acontecendo e APRENDE mais sobre as nuances do processo.
A busca constante pelo aperfeiçoamento gera a melhoria do processo que por sua vez, aumenta o output.
Essa melhoria deixa o processo mais previsível.
Como já escrevi anteriormente na edição abaixo, o papel do time de dados é deixar a empresa o mais previsível possível.
E o papel da gestão é agir em cima disso.
Tu consegues ver como as coisas estão conectadas?
E o que isso tem a ver com dados e negócio?
Absolutamente tudo.
Vamos sair do cenário da manufatura e ir para um empresa “normal” que vende um determinado tipo de produto.
Eu aposto que um PM já veio te perturbar pedindo os dados da semana re-re-retrasada pra verificar tal coisa.
Quem nunca?
E ai foste lá tu investigar, coletar, agregar os dados para no final não ouvir nada em troca.
Eu sei que tu já passastes por isso.
Mas e se..
Esse determinado KPI tivesse uma carta de controle, onde os nível aceitáveis estariam com seus intervalos definidos e disponíveis para todos (inclusive como é calculado)?
Provavelmente, ninguém iria te perturbar.
(perceba que isso é uma das atividades que a governança de dados faz)
Outra situação:
Imagina que você viu que as vendas estão fora do intervalo aceitável. Tu partes para a investigação.
Ao fazer a investigação, tu verificastes que um evento X aconteceu e por isso as vendas caíram.
Tu sabes o que acabaste de fazer?
Aprendeste sobre o negócio.
Encontraste uma possível alavanca (input) que tem que tomar cuidado.
Deixaste o negócio mais previsível (pelo menos na tua cabeça, até tu externalizares).
Note que isso também diminui a Pastelaria de Dados, pois investigação só ocorre quando há algo “estranho”.
Se você fizer isso repetidas vezes, é praticamente o mesmo processo do Kaizen.
É idêntico.
Claro, esse processo não é fácil.
Mas se você entender estes conceitos e começar a aplicá-los no seu dia-a-dia, tu terás passos concretos para desenvolver a infame cultura data driven.
Simples é diferente de fácil.
Cada empresa e situação é diferente. Não existe verdade absoluta.
O que existe é a busca incansável por mais conhecimento e perspectiva.
Heitor “Knowledge is Power” Sasaki.
Data Creators volta em Setembro/Outubro.
Segue lá no insta pra não perder quando abrir.
https://www.instagram.com/sasakiheitor/
Sugestão de leituras pois me perguntaram:
O Modelo Toyota de Excelência em Serviços: A Transformação Lean em Organizações de Serviço.
Entendendo A Variação. A Chave Para Administrar O Caos
Thinking for a Change: Putting the TOC Thinking Processes to Use
Depois daquela live sobre a árvore de métricas, nunca mais eu olhei para conceitos "antigos" com os mesmos olhos.