Primeiramente, desejo a todos um feliz dia das mães. Espero que tenham aproveitado o fim de semana com a sua mãe/tia/vó/figura materna.
É meu desejo que você esteja adquirindo conhecimentos novos ou reforçando conceitos que estavam adormecidos em sua mente.
O objetivo principal é agregar valor tanto à sua vida profissional quanto pessoal.
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“Não deixe o seu dashboard morrer
Não deixe a análise acabar
O mundo é feito de dados
Dados pra gente usar”
by: Alcione, se ela fosse uma analista de dados.
Só por essa rima eu ja mereço a sua inscrição.
Você trabalha por horas, pega todas as variáveis importantes, faz um design show de bola, e apresenta pra sua equipe/departamento.
Ninguém dá a minima.
Amiga(o) analista, não ponha a culpa toda em si.
A verdade é que o tema da newsletter de hoje já aconteceu ou vai acontecer com TODO analista de dados.
É tipo o Thanos, inevitável.
Saiba que em projetos de todos os tamanhos, isso acontece toda hora.
As pessoas, por natureza, são resistentes a mudanças, mesmo as consideradas positivas.
Perceba que escrevi “consideradas” entre aspas, pois o que parece ser positivo pra você pode ter uma percepção totalmente diferente quando visto por outra pessoa.
Você tem que levar isso em conta. Portanto não se sinta frustrado a toa.
No entanto, existem coisas que você pode fazer pra combater essa resistência. Não deixe o seu dashboard morrer!
No artigo dessa semana, eu vou te contar algumas táticas/framework que você pode usar para evitar que a sua análise seja esquecida pela empresa.
Antes de Tudo, um Checklist
Antes de entrar nas táticas, precisamos fazer um pit-stop.
Sinto lhe falar, mas talvez as pessoas não estejam usando a sua análise pois o seu dashboard é mal-feito.
Vamos falar primeiro de 3 pontos primordiais que você deve prestar atenção:
1. Seu dashboard é bonito, mas não é útil
Se você é como eu, também está inundado por imagens de dashboards lindamente projetados sempre que abre o LinkedIn. Mas vamos ser honestos - quantos de nós já vimos dashboards assim no mundo real, fora de portfólios de design?
Eu nunca vi. Nunquinha.
Parece que temos uma desconexão. Por um lado, temos dashboards que são maravilhosos para olhar, mas raramente encontramos essas belezas em nosso ambiente de trabalho.
Os dashboards não são apenas para serem bonitos. Seu propósito principal é ser uma ferramenta útil para a tomada de decisões. Como diz a Cassie Kozyrkov, o objetivo de um analista é aumentar o número de insights por minuto. Um dashboard bonito, mas confuso ou superlotado, pode ser mais uma distração do que uma ajuda.
A beleza pode capturar a atenção inicialmente, mas a utilidade a mantém. E no fim do dia, é isso que realmente importa.
2. Seu dashboard/análise tem dados duvidosos
Quantas vezes você já se deparou com essa situação: você apresenta dados da sua análise, apenas para descobrir que outra pessoa em sua equipe tem números diferentes?
Esse é o famoso - é raro mas acontece sempre.
E o pior é que, na maioria das vezes, você não tem certeza do porquê dessa discrepância. Você revisou os dados, checou as fórmulas, e mesmo assim, os números simplesmente não batem.
Em muitos casos, a inconsistência nos dados não é um reflexo de erros na análise, mas de uma falta de padronização e integração dos dados entre diferentes sistemas e equipes.
Numa organização, diferentes departamentos podem coletar e armazenar dados de maneiras distintas, levando a variações na forma como esses dados são registrados, processados e analisados. Esta falta de uniformidade pode levar a discrepâncias quando os dados são consolidados em um dashboard.
Portanto, antes de investir tempo e energia na criação de um dashboard, certifique-se de que os dados que você está usando são sólidos (e alinhados entre as equipes).
Afinal, a beleza pode atrair a atenção, mas a precisão mantém a confiança.
3. Seu dashboard está desaparecido
Você passou semanas - talvez até meses - aperfeiçoando seu dashboard, garantindo que os dados estão corretos e que o layout é tanto atraente quanto funcional. Você lança o seu dashboard, esperando que ele seja adotado e usado... mas, em vez disso, ele acaba em algum canto obscuro do sistema de informações, onde ninguém sabe como encontrá-lo ou acessá-lo.
Triste, não é? Mas é uma situação mais comum do que gostaríamos de admitir. E é uma situação que pode ser evitada com um pouco de planejamento e comunicação.
Hoje é dia das mães então eu peço a licença poética para essa comparação.
Pense que o seu dashboard/análise é o seu filho. Você como pai/mãe vai deixar sua cria jogada por aí depois do nascimento?
É a mesma coisa kkk, tem que cuidar depois de finalizar, é uma ferramenta viva que requer atenção constante.
Framework - ADKAR
Caro amiga(o), se você está lendo essa newsletter existem grandes chances que você está tentando implementar uma nova ferramenta de análise de dados ou um novo processo na sua organização.
Aposto que está sentindo como se estivesse empurrando uma pedra morro acima (ou falando com uma porta), não é?
Não precisa ser (tão) difícil.
Como você já sabe eu curto MUITO frameworks, acho que eles nos ajudam a pensar e a estruturar o nosso método.
Então, eu tenho uma sugestão para você: experimente o modelo ADKAR de gestão de mudanças.
ADKAR é um modelo de gestão de mudanças que foi desenvolvido pela empresa de consultoria Prosci. O acrônimo ADKAR representa as cinco fases consecutivas que uma pessoa geralmente passa durante o processo de mudança.
Vou te explicar como isso funciona, e darei exemplos específicos de como pode ser aplicado à análise de dados.
Awareness (Conscientização): Primeiro, você precisa fazer as pessoas entenderem por que essa mudança é necessária. No nosso caso, isso pode ser demonstrar a necessidade de uma nova ferramenta de análise de dados. Mostre a eles como a vida será melhor com essa mudança. Use números, gráficos, newsletters - seja o que for necessário para fazer a mensagem ser compreendida.
Desire (Desejo): Depois de entenderem, as pessoas precisam querer essa mudança. Pense nisso como vendendo um produto. Mostre como a nova ferramenta de análise de dados os ajudará em suas funções diárias. Talvez eles consigam acessar informações mais rapidamente, ou talvez consigam analisar dados de uma forma totalmente nova (gerando insights).
Knowledge (Conhecimento): Agora que eles querem a mudança, eles precisam saber como fazer isso acontecer. Isso pode envolver treinamento sobre a nova ferramenta ou processo. Crie guias, faça workshops, ofereça ajuda individual - o importante é que todos saibam como usar essa nova ferramenta.
Ability (Habilidade): O conhecimento é ótimo, mas se eles não conseguem aplicá-lo, não serve para nada. Eles precisam ter a habilidade de utilizar essa nova ferramenta ou processo. Isso pode levar algum tempo, e pode haver uma curva de aprendizado. Mas continue apoiando e incentivando, e eles chegarão lá.
Reinforcement (Reforço): Por fim, para que a mudança seja duradoura, você precisa reforçá-la. Isso pode ser feito através de feedback positivo, reconhecimento e até mesmo recompensas. Mostre a eles que você valoriza o esforço que eles fizeram para se adaptar a essa mudança.
Lembre-se que isso precisa ser feito antes mesmo do seu dashboard estar pronto. Você já tem que ir fazendo o terreno previamente. Você também pode fazer as fases simultaneamente.
A certificação em Gestão de Mudanças é bem valorizada aqui na Europa (eu sou certificado) e se você quiser ler mais materiais, o site da Prosci tem varios artigos interessantes. Recomendo!
A Tática Que Uso
A verdade é que essa não é a única newsletter que escrevo. Eu também tenho uma newsletter dentro da empresa.
Lá que eu procuro deixar informado os usuários das aplicações que eu gerencio. E ela é a minha tática mais eficiente (até aqui).
Um lembrete que eu não trabalho apenas com análise de dados hoje em dia, mas com aplicações de negócios em geral. A abordagem é a mesma.
Primeiro, busco meus "early adopters". Esses são os corajosos que estão dispostos a dar um Leap of Faith e experimentar algo novo. Eles são uma peça-chave para criar a Conscientização - a primeira etapa do ADKAR. Com eles, demonstro o potencial do dashboard, realçando como ele pode tornar o trabalho mais eficiente.
Depois, trabalho em colaboração com esses early adopters. Juntos, mostramos como eles estão usando a ferramenta, e como ela está melhorando seu trabalho. E sabe o que acontece? As pessoas começam a notar. Elas veem o benefício e, de repente, o Desejo - o segundo passo do ADKAR - começa a brotar.
No próximo passo, é hora de realmente se aprofundar no valor que estamos trazendo. Compreendo bem o problema que resolvemos ou estamos ajudando a resolver e monto uma história ou Business Case. Uma história convincente é uma ferramenta poderosa para transmitir Conhecimento - a terceira etapa do ADKAR.
A próxima etapa é crucial. Crio uma newsletter semanal e compartilho com a equipe ou o departamento. É aqui que a Habilidade - o quarto passo do ADKAR - entra em jogo. Mostro a eles como usar a ferramenta, como ela pode ser incorporada em seu trabalho diário e quais resultados os “early adopters” já estão tendo. Perceba bem que essa etapa se mistura com a conscientização, é normal.
E, finalmente, o último passo do ADKAR - Reforço. Continuo compartilhando sucessos, reconhecendo esforços e incentivando a utilização do dashboard. Porque a mudança é uma maratona, não um sprint.
DISCLAIMER: No início, poucas pessoas vão se interessar. Não desanime.
Não tente englobar todo mundo desde o início. Isso seria muito mais difícil. Em vez disso, dê pequenos passos. Ajudar uma pessoa já vai ter fazer sentir um pouco realizado (e menos frustrado).
Agora vá e aplique!
Sinceramente, a parte técnica da ciência de dados é a mais simples de ser aplicada.
Mudar pessoas e comportamentos é 2000x mais difícil.
O framework que te contei vai te ajudar mas não irá solucionar todos os seus problemas. Você vai ter que o adaptar para cada situação.
Lembre-se que:
“A única constante no mundo é a mudança”
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Para assinantes anuais, compartilho com você o meu template Notion de Gestão de Projetos!
caramba, isso caiu como luva, Heitor! Não sabia que existia uma certificação de gestão de mudança, o que faz todo sentido para nós, profissionais da área de dados. Obrigado por compartilhar!
Vou focar em estuadar muitos frameworks que você vem apresentando passo a passo, sempre anoto algumas coisas durante minha leitura. Obrigado por esse conteúdo.