Não temos tempo para trabalhar no trabalho
Temos que saber jogar a jogo, mas a qualquer custo?
Se ainda não fizeste :
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Eu estava lendo um artigo sobre melhorias de processo quando me deparei com algo que me fez refletir.
O artigo começava com uma história.
Um engenheiro notou um problema na linha de produção. Ele investigou. Fez uma análise detalhada. E descobriu que se não fizesse nada, em 6 meses a linha inteira iria parar.
Ele apresentou a solução para o seu gestor. Fez as mudanças necessárias. E preveniu o problema.
Seis meses depois, nada aconteceu.
Literalmente nada aconteceu.
E é aí que está o problema.
Quando nada acontece, as pessoas assumem que nada iria acontecer. O gestor dele até comentou: "Tem certeza que realmente precisávamos fazer todas essas mudanças?"
Isto me fez refletir sobre uma coisa: Quando foi a última vez que tu melhoraste um processo no teu trabalho?
A maioria das pessoas hesita ao responder.
Não porque não querem melhorar.
Mas porque existe uma tensão entre fazer o trabalho e trabalhar no trabalho.
Pensa comigo:
Tu chegas no trabalho. Pipelines estão quebradas. Dashboards desatualizados. Três reuniões para participar. Quinze mensagens urgentes para responder.
A ansiedade lá no talo. O terror dos introvertidos.
Como tu vais encontrar tempo para melhorar os processos?
Esta é a armadilha da mediocridade operacional.
Tu trabalhas mais horas. Os problemas diminuem temporariamente. A gestão elogia teu esforço.
Mas os processos continuam os mesmos.
E pior: quanto mais tu trabalhas, menos tempo tu tens para melhorar as coisas.
Para melhorar o trabalho em si. Não temos tempo para trabalhar no nosso trabalho.
É um ciclo vicioso perverso:
- Tu não tens tempo para melhorar os processos
- Os processos ruins consomem mais do teu tempo
- Tu tens ainda menos tempo para melhorias
- Os processos pioram ainda mais
E assim segue o ciclo.
Este problema é sistêmico.
Brian Joiner mostra que existem apenas três caminhos quando tu enfrentas pressão por resultados:
1. Tu podes melhorar o sistema (o mais difícil)
2. Tu podes distorcer o sistema (trabalhar mais horas)
3. Tu podes distorcer os dados (maquiar relatórios)
A maioria escolhe o caminho 2 porque parece o mais seguro.
Afinal, quem já foi demitido por trabalhar demais?
Mas existe um “custo oculto” aqui.
Cada hora extra que tu trabalhas é uma hora que tu não investiste em melhorias.
Cada incêndio que tu apagas é uma oportunidade perdida de prevenção.
Cada "herói" que surge resolvendo crises é um sinal de que o sistema está doente.
A verdadeira ironia?
As mesmas pessoas que elogiam teu esforço hoje vão te questionar amanhã: "Por que estes problemas continuam acontecendo?"
É uma questão de tempo.. este é o jogo corporativo.
Como se resolver os sintomas fosse o mesmo que curar a doença.
Tu precisas criar tempo para trabalhar no trabalho.
Não é fácil. Tu precisas:
1. Estabelecer um horário sagrado para melhorias
2. Aceitar que alguns incêndios vão queimar
3. Documentar os problemas que surgem (para justificar as melhorias)
4. Medir o tempo gasto em cada tipo de trabalho
5. Começar pequeno, com melhorias de 15 minutos
E o mais importante: tu precisas mudar a narrativa.
Em vez de "não temos tempo para melhorias", a pergunta deveria ser:
"Como podemos não ter tempo para melhorar algo que fazemos todo dia?"
Porque no final, o tempo vai passar de qualquer jeito.
A única questão é: tu vais passar ele repetindo os mesmos problemas ou construindo melhores soluções?
Afinal de contas, o objetivo supremo dos times de dados é gerar conhecimento.
Isso parece óbvio agora pra mim, e aposto que pra ti também.
Mas isso é normal…pois...
O conhecimento já temos, falta a perspectiva certa.
Heitor Sasaki
Data Creators
As vagas de Fevereiro foram encerradas.
Devem voltar final de Março.
Darei uma pausa para descansar e ajudar os DCs a conseguirem seus objetivos.
Fique atento para não perder a próxima oportunidade.
Excelente texto. Outro ponto que talvez seja legal mencionar (algo que aprendi há anos e aplico até hoje):
- Entender que você realmente é apenas um número dentro desse mundo corporativo
- Você precisa colocar limites e saber falar a tal temida palavra “não”
- Você deve trabalhar as horas contratadas e entregar resultado.
No final do dia, as únicas pessoas que realmente se importam com sua presença e pessoa: são aqueles que te esperam em casa!
Esse ciclo vicioso do mundo corporativo nos faz achar que trabalhar horas e horas, fazer horas extras , sair tarde do serviço, chegar cedo, gastar toda sua saúde no trabalho é o “certo”.
Veja, não estou dizendo pra ficar fazendo corpo mole mas se seu horário é das 8h às 17h - respeite!
Afinal, se tu tá fazendo hora extra é porque falta mão de obra. E enquanto um estiver se lascado pra suprir essa demanda, as empresas não vão contratar mais!
É necessário entender a causa de raiz dos problemas, nem sempre temos os recursos ou a autonomia para tratá-la, e muitas vezes focamos no sintoma, e trabalhar até mais tarde significa isso. Gerar evidência, gera confiança, como você mesmo diz sabiamente. Documentar as ocorrências, utilizar os dados que você tem na mão, formular hipósteses e correlações entre fenômenos, nesses artefatos, em momentos de crise (quando a coisa tá caótica), se abrem as "janelas de oportunidade" para tratar o problema na raiz.
Faça o melhor com o Arsenal que você tem, dentro da autonomia que você tem e dentro do tempo que você tem, não sacrificar outros aspectos da vida pra trabalhar em sintomas, é uma boa estratégia.