Parem com esses RIPs !
RIP SQL. RIP Excel. RIP Python. Isso é chato demais.
Toda semana uma ferramenta "morre".
SQL morreu quando o NoSQL virou hype. Excel morreu quando o Python chegou.
Power BI vai morrer quando a próxima ferramenta de visualização aparecer.
E Python?
Python vai morrer quando a IA conseguir escrever código melhor que a gente.
Pelo menos é isso que o pessoal fica repetindo no LinkedIn.
Constantes lembretes de que tu estás sempre um passo atrás.
Que não podes te chamar de analista se ainda usas Excel pra fazer pivot tables.
Que não és um cientista de dados de verdade se não dominas pelo menos 42 bibliotecas do Python.
Que és um brontossauro se ainda escreves queries na mão ao invés de usar algum framework moderno/IA.
Mas isso é feito de maneira pensada. Nada é por acaso.
Na newsletter de hoje, iremos refletir sobre isso.
O que me motivou a escrever esta newsletter.
Tem toda uma indústria construída em cima de te fazer sentir burro e despreparado. Cursos que prometem te ensinar "as 10 ferramentas que todo cientista de dados DEVE conhecer". Consultores vendendo migrações complexas. Influencers criando FOMO sobre a próxima tecnologia revolucionária.
Quanto mais inadequado tu te sentes, mais tu consomes.
Mas o que me motivou a escrever hoje, foi o que aconteceu na firma recentemente..
Mês passado entrou uma pessoa nova na firma. Primeira semana de trabalho, ainda nem tinha configurado o computador direito, e já chegou perguntando como a gente "sobreviveu até aqui" com nosso pipeline de dados "antiquado".
Explicou por 20 minutos como devíamos mudar todo o nosso sistema de ETL pois era do tempo da avó dele.
Três pensamentos passaram pela minha cabeça:
Primeiro: tu pensas que eu não sabia disso?
Segundo: tu pensas que nunca tentei mudar isso?
Terceiro: porra, parceiro, tu nem sabes o contexto e já chega falando.
Confesso que fiquei puto.
Porque aquele pipeline "antiquado" estava funcionando por 5 anos já. Tinha sido construído quando não havia recursos necessários, só tinha um dev e deus. Este dev ainda escreveu o código inteiro com comentários em japonês. Ninguém mais consegue ler e entender o que foi feito. Foi feito em VB.NET.
Essa pessoa estava sendo exatamente igual aos gurus do Linkedin, dizendo como tudo deve ser feito utilizando as últimas tecnologias, sem entender nada do contexto.
Chato demais.
A Permissão de Ser Diferente (ou você mesmo)
Conheces aquela discussão eterna sobre qual é a melhor linguagem de programação? Python vs R vs Julia vs Scala vs Java vs PHP vs etc..
Os caras passam horas discutindo sintaxe, performance, bibliotecas disponíveis. Qual é mais "pura", qual vai dominar o futuro, qual tem a melhor comunidade.
Enquanto isso, o cara que usa o que já conhece resolveu 3 problemas de negócio e já foi almoçar.
A linguagem não resolve o problema. Tu resolves.
Talvez tu estejas em dados por razões diferentes do que os bros da otimização assumem.
Talvez tu não queiras ser o cara mais técnico da sala. Talvez tu queiras ser o cara que entende o negócio e consegue traduzir para qualquer audiência.
Nunca me vendi como o analista mais técnico que existe. Sou bom em tópicos de negócio e em fazer a ponte entre TI e business. Então alinho minhas ações com isso: escrevo newsletters (como esta aqui), proponho treinamentos internamente, facilito reuniões entre áreas, consistentemente.
Tu conectas o que digo com o que faço.
Isso é branding, inclusive.
A primeira coisa que tens que fazer é se perguntar: O QUE EU QUERO? QUAL MEU OBJETIVO?
Depois disso..
Alinhe seu objetivo com tuas ações e a maneira de como tu comunicas isso.
O mercado de dados fica tentando te convencer que existe apenas um tipo de profissional "válido": o super técnico que domina toda a stack. Mas empresas também precisam de tradutores, facilitadores, pessoas que entendem tanto de dados quanto de gente.
A permissão de ser diferente é a permissão de construir uma carreira que funciona pra ti, não pro que os outros acham que devias ser.
Veja bem, EU NÃO ESTOU FALANDO que não precisa entender as ferramentas. É claro que precisa.
Mas ao invés de tentar atirar para todos os lados, escolha a ferramenta que mais te interessa, se especialize, e alinhe a sua comunicação com as suas ações.
“Ah Heitor, eu não quero virar blogueiro..”.
Isso me lembra quando as pessoas falam que não querem ficar grandes que nem os fisiculturistas quando começam a fazer academia.
Até esse ponto chegar, tem muita água pra passar. Mas enquanto esse ponto não chega, já da pra ir colhendo os frutos.
É isso que eu espero que tu entendas.
Um bom exemplo disso é o
, o cara fala muito de SQL e já virou referência sobre isso (inclusive é um DC). Thana tá aos poucos criando o seu branding.Em breve o homem vai ganhar dinheiro com isso (botando uma pressão saudável nele kk).
Aliás, adicionem ele lá. Ele merece.
O Dinheiro dos Sistemas Legados
Outro ponto..
Trabalhar com sistemas legados pode te render muito dinheiro.
Enquanto todo mundo corre atrás da próxima tecnologia, tem empresas pagando fortuna pra quem entende COBOL, mainframes, ou bancos Oracle antigos. Porque alguém precisa manter a estrutura funcionando.
A Era da Morte Anunciada criou uma escassez artificial de pessoas dispostas a trabalhar com "tecnologia velha".
Escassez = preço alto.
Tudo é uma questão de como tu comunicas essa expertise.
O Paradoxo da Especialização
Bruce Lee tinha uma filosofia interessante sobre artes marciais: "Não temo o homem que praticou 10.000 chutes diferentes uma vez cada. Temo o homem que praticou um chute 10.000 vezes."
Mas o curioso é que Bruce Lee não era apenas um lutador. Ele entendia filosofia, psicologia, biomecânica, até mesmo direção de cinema. A disciplina que ele desenvolveu nas artes marciais se transferiu pra outras áreas da vida.
Um chef que entende verdadeiramente sobre sabores não apenas cozinha bem - ele entende química, timing, psicologia do cliente, gestão de equipe. A cozinha ensinou tudo isso.
Um matemático que domina demonstrações não apenas resolve equações - ele desenvolveu lógica, pensamento estruturado, capacidade de quebrar problemas complexos. A matemática ensinou tudo isso.
O carpinteiro experiente não apenas corta madeira - ele entende materiais, precisão, funcionalidade, estética. A carpintaria ensinou tudo isso.
E por aí vai..
Já falei que tudo está conectado?
A Ilusão da Transferência
As pessoas percebem essa transferência e assumem que quem é mestre numa coisa provavelmente entende de outras também. É por isso que procuramos conselhos de vida com esportistas de elite, ou ouvimos empresários falando sobre filosofia.
Eles não são necessariamente experts nessas outras áreas. Mas a disciplina que os levou ao topo numa coisa desenvolveu qualidades que se aplicam a muitas outras.
(nem sempre isso é verdade, olha aí nosso amigo Elon Musk que só fala atrocidades)
Contra-intuitivamente, quanto mais fundo tu vais numa direção, mais as pessoas assumem que tu és competente em várias direções. A profundidade cria a percepção de amplitude.
Isso vale pra qualquer área da vida…
Incluindo dados.
Use ao seu favor.
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Leia isso e me manda mensagem no Linkedin ou Instagram.
Indicações
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Temos Engenheiros, Cientistas, Analistas.



Lembrei de uma vez que um consultor perguntou "por que vocês não usam o sistema de planejamento que tudo quanto é empresa usa"? O sujeito nem para tentar entender o contexto, só dando pitaco. Respondi que começamos o trabalho 10 anos atrás, quando nem existia a alternativa citada, e que roda até hoje.
Obrigado pela menção, agora não posso mais enrolar esses cursos e etc que tinha planejado ministrar de SQL.
Esse ano ainda sai algo.